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A sombra de cada um de nós

  • Katia C Barbosa
  • 5 de mar. de 2018
  • 3 min de leitura

Acordo pela manhã pensando coisas nefastas sobre o mundo, a minha pessoa e outros. Penso que devo fazer as pazes com minha sombra, ou nunca vou encontrar a luz. Você já se imaginou nessa situação? Mas o que seria essa “sombra” a qual me refiro?

Para a psicologia analítica de Carl Gustav Jung, a sombra representa aquela parte de nós que não identificamos ou negligenciamos. Nas palavras de Von Fraz “a personificação de certos aspectos inconscientes da personalidade”.

Obviamente, que todos nós usamos máscaras sociais. Uns mais que outros. Mas a problemática maior se dá aos motivos que nos levam a nos esconder de nós mesmos. Se não consigo enxergar quem eu sou realmente, por que o mundo deveria?

Desse modo, fazemos com nossa sombra algo parecido com o não gostar de limpar a casa. Colocamos a sujeira debaixo do tapete e mostramos somente o que faz bem ao nosso Ego. Vemos isso todos os dias nos jornais. O mundo está cheio de pessoas “benevolentes”, “cristãos” desde o nascimento que matam gays, estupram animais e crianças, roubam os próprios pais, entre outras coisas porque vendem uma falsa imagem. O falso Eu dói e cobra um preço, como tudo em nossa vida.

A sombra que assusta

Provoca uma onda de medo em nós. Por isso, ao primeiro contato com ela, seja através de atos impulsivos ou sonhos, por exemplo, corremos feito criancinhas para o colo da nossa “mãe” que aqui, pode ser interpretado como um status adquirido, uma imagem a zelar ou algo semelhante, e nos agarramos a essa imagem, utilizando-nos de mil e umas artimanhas para não sermos desmascarados.

Por isso, fugimos da terapia. Os bons profissionais em psicologia conseguem nos ajudar a lidar melhor com a parte de nós que não queremos ver. Eles nos ensinam a fazer as pazes com nossa sombra.

Mas também eles só podem fazê-lo se tiverem feito as pazes com suas próprias sombras. Por isso, Jung ao longo de sua vida e carreira, dedicou-se a conhecer suas partes mais problemáticas como ser humano. Dedicou uma vida ao autoconhecimento e não teve medo de enfrentar sua sombra porque sabia que só assim, conseguiria vislumbrar as frestas das luzes que se abririam em seu caminho.


Expectadores da vida alheia

É tão aconchegante estarmos perto de alguém que se sente bem consigo mesmo, pelo simples fato de ser quem é! Os descontentes e reprimidos projetam suas sombras nos outros. Muito triste ser expectador da vida alheia!

Você que está lendo esse texto pode pensar: “Tudo bem”. “O que devo fazer, então”? Eu respondo com aquela máxima: “Conhece-te a ti mesmo”. Sempre. Ninguém pode roubar você de si mesmo! Um emprego perdido ou um relacionamento desfeito são apenas partes da vida, acontecem todos os dias para alguém. Não são sinônimos do seu valor como pessoa.

Você que já iniciou a busca por si mesmo não vai “desintegrar” o seu Ego por percalços da vida. Você vai continuar firme porque se conhece e sabe até onde consegue ir. Vai reconhecer os “sinais” do seu corpo e sua mente te guiando ao encontro dos seus objetivos de vida. Vai saber buscar ajuda quando precisar porque já entende que buscar ajuda não é sinônimo de ser fraco. Muito ao contrário. Ter uma rede de apoio é fundamental em todas as nossas relações, principalmente nos dias em que imperam os contatos cibernéticos, tão superficiais, que não dão conta da nossa existência.

Cuidando da nossa grama

Então, é bom vasculharmos nosso lixo mental a partir de agora. Quem anda te irritando? O que detesta nos outros? Por que os relacionamentos dos outros te incomodam? Provavelmente, a sua sombra está “gritando” para você. O problema não são os outros. Você é o problema! Os outros são os outros, parafraseando a música dos anos oitenta.

A sombra faz parte da dimensão humana. É equivocado o conceito de que ela representa apenas e tão somente a dimensão escura da nossa personalidade, aquilo que não queremos ver. Justamente por nos confrontar, ela nos concede aprendizados inimagináveis, tesouros escondidos de dentro de nós mesmos que se forem bem lapidados, darão frutos no mais belo puro ouro. Como é uma parte inconsciente de nós, ficamos inquietos a primeira demonstração. Faz parte. O desconhecido assusta, mas também abre outras possibilidades de entendimento. Neste caso, da alma humana.

Se a grama do vizinho é mais verde e me irrito tanto com isso, o que posso fazer para amenizar essa irritação e começar a cuidar da minha grama? Eu sei que dá trabalho, mas não conheço outro caminho que aquele que me leve a um percurso onde serei autor e ator da minha própria obra.

 
 
 

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